A combinação de escassez de terrenos e busca de parte dos inquilinos por exclusividade tem resultado no desenvolvimento de escritórios com áreas menores na Zona Centralizada da cidade de São Paulo, como aponta levantamento da consultoria Binswanger Brazil. No período composto por 2023 e 2024, a média de área bruta locável (ABL) dos edifícios entregues foi de 9.094 metros quadrados, ante 15.656 metros quadrados no biênio anterior, segundo a pesquisa.
Alguns desses edifícios têm sido chamados de boutique por serem de alto padrão, terem arquitetura autoral e estarem em áreas consideradas “premium”. Esse tipo de empreendimento atrai, principalmente, ocupantes dos setores financeiro, de tecnologia e de grandes escritórios de advocacia, no modelo de monousuário ou poucos inquilinos.
Exemplos desses edifícios são o JHA Corporate Boutique – localizado na rua Iaiá, nas proximidades da Faria Lima –, o PNV Corporate Boutique – situado na avenida mais cobiçada por quem busca escritórios – e o JMA Corporate Monteiro – desenvolvido na rua Henrique Monteiro, em Pinheiros.
No ano passado, a gestora de recursos da Engerform captou recursos por meio de um fundo imobiliário para desenvolvimento pela Noah de três prédios corporativos de madeira. Em conjunto, os prédios terão 10 mil metros quadrados de ABL em Pinheiros.
A dificuldade de formar terrenos maiores em regiões cobiçadas como as do Itaim Bibi, de Pinheiros e dos Jardins também explica o crescimento do número de escritórios boutique na Zona Centralizada da capital paulista. O preço por metro quadrado locado nesse tipo de projeto pode até superar o de edifícios triple A mais tradicionais, mas o custo total se justificar para o inquilino por se tratar do aluguel de um escritório mais compacto.
Para efeito de comparação, nos dois últimos anos, a média da área dos empreendimentos entregues na Zona Descentralizada de São Paulo foi de 27.288 metros quadrados, ou seja, três vezes maior do que a da Zona Centralizada, de acordo com o levantamento da Binswanger. Vale lembrar que o coeficiente construtivo também pode favorecer a produção de edifícios maiores nas áreas descentralizadas.