Por Simone Santos*
A ocupação de galpões por empresas de comércio eletrônico passa por redesenho, no Brasil, com Shein e Shopee respondendo pelos maiores crescimentos de áreas locadas, enquanto Mercado Livre – que bateu a marca de 1 milhão de metros quadrados ocupados – continua a liderar o ranking de inquilinos, e B2W (braço online da Americanas) e Via perdem participação entre os principais ocupantes do segmento, segundo levantamento da Binswanger.
Sozinho, o Mercado Livre é responsável por 40% das contratações de centros de distribuição pelo segmento de varejo e internet, chegando a 1,2 milhão de metros quadrados. Desde o início de 2020, a área total locada pela varejista aumentou 642%, de acordo com a pesquisa da Binswanger. Na sequência do ranking de empresas de “e-commerce” com maiores espaços alugados, estão Amazon, Magazine Luiza, B2W, Via, Shein e Shopee.
O levantamento aponta que, apesar dos remanejamentos de ocupações, o total de áreas locadas pelas sete maiores participantes do segmento se mantém desde o quarto trimestre de 2022. Em conjunto, as empresas de varejo e internet alugam 4,3 milhões de metros quadrados, atualmente, atrás apenas do segmento de transporte e logística, que ocupa 4,9 milhões de metros quadrados.
Com entrada mais recente no mercado nacional, as varejistas asiáticas Shein e Shopee respondem por expansões respectivas de 1.614% e 866% das áreas contratadas e pelas quinta e sexta colocações em número de metros quadrados locados. Segundo o levantamento da Binswanger, a terceira maior expansão de área ocupada foi a da Amazon, de 745%. Desde o começo de 2020, Magazine Luiza realizou incremento de 206% da sua metragem de galpões.
A locação de espaços pela Via cresceu 161%, e pela B2W aumentou 114,5% na comparação com o trimestre pré-pandemia. Vale observar que, em 2018, Via e B2W representavam 70% do total ocupado por empresas do segmento de comércio eletrônico acompanhadas pela Binswanger. A fatia conjunta das duas varejistas caiu para menos de 20%, e Magazine Luiza perdeu lugar no ranking para Mercado Livre e Amazon.
Por conta da crise decorrente dos problemas contábeis da Americanas, a B2W chegou a ter reduções efetivas de áreas em alguns momentos.
Se depender das sinalizações de expansão, o Mercado Livre tende a continuar como o principal ocupante de galpões entre as empresas de “e-commerce”. Durante reunião com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em abril, a varejista divulgou que irá inaugurar três centros de distribuição – em Pernambuco, Porto Alegre e Brasília – em 2024, e que o número de galpões chegará a 13 no país.
A recém-iniciada atuação da gigante chinesa Temu no Brasil poderá contribuir para um novo redesenho da locação de centros de distribuição nos próximos anos.
As mudanças na ocupação de galpões afetam também o mapa de expansão do segmento. No período de 2020 a 2024, o estoque de São Paulo – principal mercado imobiliário brasileiro – foi o nono do Brasil em crescimento de ocupação de galpões por empresas varejistas e de internet, com patamar de 87%. O Estado de Minas Gerais respondeu pelo maior avanço, de 348%, seguido por Pernambuco (333%) e Bahia (286%).
Na contramão desse movimento, houve redução de ocupação no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, de 3,9% e 7,6%, respectivamente.
As vendas online continuam a se expandir, ainda que em proporção menor do que o do período da pandemia de covid-19, quando essa modalidade de compras teve incremento sem precedentes no Brasil.
Dados do site da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) apontam projeção de crescimento de 10% no faturamento do “e-commerce”, neste ano, para R$ 204,3 bilhões. Em relação ao número de compradores online, a estimativa de aumento é de 5%, para 92,2 milhões de pessoas. A Abcomm também projeta alta de 5% no total de pedidos, para 414,9 milhões.
*Simone Santos é sócia-diretora da Binswanger Brazil